Caso seja comprovamento o envolvimento, a advogada responderá responder processo ético-disciplinar
pós a repercussão da suposta participação no esquema de venda de sentenças, por parte da advogada Mirian Ribeiro – esposa do lobista Andreson Gonçalves – a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, afirmou que, até o momento, não recebeu nenhuma decisão judicial que colocasse Mirian como parte da organização criminosa, alvo da Operação Sisamnes, que investiga advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados.
“Não há, ou pelo menos não chegou até a OAB, qualquer decisão que a coloque como parte em qualquer esquema (…) Em chegando essa informação, em havendo, em avançando as investigações, ela [Mirian] ou qualquer outro advogado vinculado a esquemas de compra e venda de sentenças vão, sim, responder processo ético-disciplinar. Garantido, é claro, ampla defesa, contraditório, de prática, como é necessário”, destacou Gisela.

“Acumulava vitórias”
Segundo o jornalista Breno Dias, da Revista Piauí, Andreson e Mirian são apontados como o “centro da engrenagem”, destacando que o casal tinham maneiras diferentes de agir, visto que o lobista “se gabava de ter acesso antecipado a minutas de decisões”, exercendo influência sobre servidores que atuavam em 11 dos 33 gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Enquanto isso, a esposa de Andreson, dona de um modesto escritório em Primavera do Leste (a 243 km de Cuiabá), “acumulava vitórias em causas milionárias”, que incluíam clientes poderosos como os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F.
A reportagem cita ainda a distribuição “atípica” de processos da Mirian para o ministro Paulo Dias Moura Ribeiro, visto que, dos 201 processos em que a advogada trabalhou no STJ, 47 passaram pelo gabinete do magistrado e, em 72,5% deles, ela obteve vitória, enquanto nos demais gabinetes, o índice de vitórias da jurista cai para cerca de 43,5% dos casos.
No momento, há uma investigação em curso específica sobre o gabinete de Moura Ribeiro, após trocas de mensagens entre ele e o lobista terem sido encontradas. A apuração visa identificar se houve o vazamento das informações, além do tráfico de influência.
Prisão domiciliar
Atualmente, o lobista encontra-se em prisão domiciliar após aparecer praticamente irreconhecível depois de ficar 8 meses preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, e na Penitenciária Federal de Brasília, a “Papuda”. Enquanto estava preso, ele perdeu muito peso, alegou passar fome e acabou em um estado esquelético.


