Presidente, que visita Mato Grosso nesta quarta-feira (31), ainda falou sobre incêndios no Pantanal e luta para combater os garimpos ilegais em terras indígenas
O presidente da República, Lula (PT), elogiou a atuação do ministro da Agricultura Carlos Fávaro à frente da pasta, questionou a “insatisfação” de entidades do agronegócio no que se refere ao lançamento do Plano Safra 2024/2025, que prevê R$ 470 bilhões em financiamentos, e não descartou ir à reeleição em 2026 para tentar “barrar” eventual nova escalada da extrema-direita no país. As falas foram realizadas durante entrevista exclusiva à Rede Mato-grossense de Comunicação (RMC), nesta terça-feira (30), no Palácio do Planalto, em Brasília – veja o vídeo no final da matéria.
Lula, que nesta quarta-feira (31) cumprirá agenda em Várzea Grande, enalteceu a atuação de Fávaro à frente do cobiçado Ministério da Agricultura na articulação e tratamento com os produtores, sem olhar bandeira ideológica. Segundo o petista, foram abertos mais de 160 mercados para exportação durante o segundo ano de mandato, ou seja, houve o fortalecimento do agro: “Extraordinária figura humana o companheiro Fávaro. Posso te dizer que é o melhor Ministro da Agricultura que eu tive, extraordinário”.
O chefe do Executivo federal reiterou que, durante todas as gestões do Partido dos Trabalhadores, houve investimentos vultuosos para o setor da agricultura, justamente por entender o trabalho fundamental que desempenham na balança comercial. Entretanto, durante o Governo Jair Bolsonaro (PL), produtores e entidades do agronegócio, principalmente mato-grossenses, desmonstraram maior simpatia com o bolsonarismo e expuseram suas insatisfações quando a esquerda voltou ao comando do país.
Quando Lula reassumiu o país em 2022, repassou a Fávaro a missão de pacificar o setor, que havia se contaminado com a guerra ideológica. Recentemente, com o lançamento do Plano Safra, em mais um sinal de descontentamento, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) entendeu que o valor poderia ser maior.
“A única possibilidade que eu tenho dito de voltar a concorrer uma eleição é se ficar claro que a extrema-direita pode querer voltar nesse país. E aí, sinceramente, se eu estiver com saúde, não vou deixar”
Presidente Lula
Reeleição não descartada
Questionado sobre os sonhos a serem realizados, Lula afirmou estar pleno e realizado com as conquistas e, a princípio, não pensa em reeleição no pleito de 2026 – mas assegurou que o cenário pode mudar e não fugirá da disputa se houver uma nova escalada da extrema-direita no Brasil.
“O povo não pode pagar pelo fato do prefeito não votar no presidente da República. Nós estamos tentando moralizar. Não quero governar o país para amigos”
Presidente Lula
“A reeleição é uma coisa mais complicada. Uma pessoa pode mentir para todo mundo, mas não pode mentir para si mesmo. A única possibilidade que eu tenho dito de voltar a concorrer uma eleição é se ficar claro que a extrema-direita pode querer voltar nesse país. E aí, sinceramente, se eu estiver com saúde, não vou deixar”, disparou.
Ele citou, ainda que indiretamente, o Governo Jair Bolsonaro como sendo um dos mais desastrosos da história do país, sendo que se tornou o primeiro presidente a não ser reeleito.
“Esse país não pode voltar à ter essa experiência macabra como ele teve. O Brasil não pode ter um presidente que nega tudo, que conta mentira, que prega o ódio, que não gosta de mulher, de negro, de trabalho e instiga as pessoas a brigarem”, completou.
Outras pautas
Lula ainda tratou sobre os incêndios no Pantanal, pediu união de esforços e rechaçou a possibilidade de criticar prefeitos ou governadores que não estejam fazendo o dever de casa. Ainda prometeu combater firmemente o garimpo em terras indígenas e o incentivo ao uso de energias renováveis no país, porém, rejeitou a redução do uso do petróleo.
Por fim, destacou que sua gestão não tem olhado para cores partidárias ou ideológicas quando se trata de empenho de recursos, porque foi eleito para ser o presidente de todos.
“Eu não estou atendendo prefeito ou governador, estou atendendo a necessidade do povo. Tem um prefeito que é de Pernambuco, e ele era bolsonarista doente, e a cidade dele recebe R$ 69 milhões e falei para ele que estava atendendo a cidade. não pode pagar pelo fato do prefeito não votar no presidente da República. Nós estamos tentando moralizar.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista concedida pelo presidente à jornalista Eunice Ramos, da RMC:


