Investigações apontam que o grupo abria empresas de fachada, emitia notas fiscais frias e acessava sistemas fiscais. Com isso, conseguia “acumular” créditos fiscais e sonegar impostos

O grupo que foi alvo da Operação Hortifraude, deflagrada nesta terça-feira (30) pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Mato Grosso (Cira-MT), criou mais de mil empresas laranjas. As investigações apontam que o esquema sonegou R$ 45 milhões em impostos.
Segundo o delegado responsável pelo inquérito João Paulo Firpo, da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), o líder da organização criminosa é morador de São Paulo. Ele não teve a identidade revelada. “Ele é um velho conhecido da Sefaz. É uma pessoa bem articulada, que utiliza do seu perfil para ludibriar, fraudar, para ensinar coisa errada”, afirma o delegado.
As investigações apontam que o grupo abria empresas de fachada, usando dados de pessoas que sequer sabiam do esquema, emitia notas fiscais frias e acessava sistemas fiscais. Com isso, conseguia “acumular” créditos fiscais e sonegar impostos. Mais de mil empresas foram criadas.
Cada empresa de fachada criada emitia nota de compra de produtos da empresa anterior, sendo todas pertencentes a quadrilha, e assim os suspeitos faziam o acúmulo de créditos para ser abatido no final da cadeia. Conforme o delegado, um atacadista era o maior beneficiário do esquema.
O alvo de São Paulo é o principal alvo da operação. “Ele era o que operacionalizava todo esse sistema de abertura e fechamento de empresa, de emissão de notas fiscais com certificados falsos, de pessoas que não sabiam que seus nomes estavam sendo utilizados”, explica o delegado.
Também existe a participação de cerca de 21 contadores no esquema, que tiveram o registro no Conselho Regional de Contabilidade de Mato Grosso (CRC) cassados. “São os contadores que estão utilizando o CRC para crime, só para crime. É uma organização criminosa que tem a função do contador. Sem os contadores, todo esse sistema criminoso não teria ocorrido”, afirma o delegado.
A operação
Nesta terça-feira (30) foram cumpridas 148 ordens judiciais, entre mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoal, afastamento de sigilo de dados telemáticos, suspensão dos registros profissionais de contadores e de escritórios de contabilidade (CRCs), suspensão do exercício de atividade de natureza econômica ou financeira de empresas, entre outras medidas. Os mandados foram deferidos pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz de Garantias do Estado de Mato Grosso.
Os mandados são cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande e São Paulo (SP).


